Entre o amor, a fé e o tormento interior: o desespero de Damaris

Religiosa, mãe e avó dedicada, Damaris vive um conflito devastador: após décadas de casamento estável, sente-se apaixonada por outra mulher — e para seu desespero, trata-se da esposa do pastor de sua congregação

Da Redação 






Quando o coração se perde, o primeiro passo não é esconder-se, mas olhar-se com verdade. Há momentos em que o coração humano parece querer desafiar tudo o que o espírito acredita. 

Quando a fé se vê diante de sentimentos inesperados, a alma se divide entre o certo e o desejo. Damaris, nossa leitora de Belo Horizonte, enfrenta agora um dos mais difíceis dilemas de sua vida: escolher entre a serenidade de um lar construído sobre a fé e a força de uma paixão que surgiu como um raio num céu antes tranquilo.

Carta da leitora “Damaris”

Prezado responsável pelo Correio Sentimental,

Escrevo-lhe num momento em que minha alma se encontra dilacerada. Tenho 63 anos, sou mãe, avó e uma mulher que sempre procurou pautar a vida pela fé e pelos princípios cristãos. Durante muitos anos enfrentei tormentos profundos. O primeiro homem com quem vivi foi um companheiro agressivo, alcoólatra e infiel. Depois de muita dor, consegui me libertar daquela convivência que me consumia o corpo e o espírito.

Mais tarde, envolvi-me com outro homem — à primeira vista, atencioso, generoso, um verdadeiro cavalheiro. Mas também ele trazia seus vícios: era jogador compulsivo, apostador em corridas de cavalos e pôquer. Acabou perdendo tudo o que possuía, e com o tempo vi meu lar ruir novamente.

Foi quando conheci Gerson, gerente de banco, homem íntegro, afetuoso, temente a Deus. Casamo-nos no civil e no religioso. Há mais de trinta anos vivemos uma união tranquila, alicerçada na fé. Ele é diácono em nossa congregação e uma pessoa de conduta irrepreensível. Eu, por minha vez, sempre procurei ser uma esposa dedicada e uma serva fiel.

Mas há alguns meses, algo em mim começou a mudar. Não compreendo o que está acontecendo. Sinto-me estranha, com o coração em desordem. Perdi o sono, a serenidade, e meu marido percebeu a transformação. Foi então que me vi diante de uma verdade que me assusta e me envergonha: descobri que sou bissexual.

Estou, infelizmente, tomada de uma paixão intensa por uma mulher — e, para meu desespero, ela é também frequentadora de nossa igreja. É uma pessoa doce, espiritualizada, e o que mais me atormenta: casada. Casada com o pastor da congregação que ambos respeitamos e servimos.

Numa noite, após o culto, num momento de descontrole, trocamos um beijo escondido. Desde então, minha consciência é um campo de batalha. Leio a Bíblia todos os dias, oro, jejuo, suplico por uma resposta divina, mas o silêncio de Deus me apavora.

Sinto vergonha de mim mesma, medo de decepcionar meu marido, meus filhos, meus netos e toda a igreja. Já pensei, inclusive, que Deus me rejeitou, e essa ideia me fere a alma a ponto de cogitar o impensável: tirar a própria vida.

Por isso, imploro sua ajuda. Será que enlouqueci? Como posso ter sentimentos tão contrários àquilo em que sempre acreditei? Peço orientação, consolo e, se possível, um pouco de luz sobre esse caminho escuro que hoje percorro.

“Ajude-me, pelo amor de Deus.”

Assinado,

Damaris [pseudônimo]
Belo Horizonte – MG

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Resposta do Editor de Redação

Damaris, sua carta é o retrato doloroso de uma alma em conflito entre o que sente e o que acredita ser certo. Nenhum ser humano está imune às surpresas do coração, e o amor, quando chega, não costuma pedir licença nem consultar convenções morais ou religiosas.

Entretanto, é preciso compreender que sentimento e ação correspondem a coisas distintas. Você pode reconhecer o que sente sem, no entanto, transformar isso em culpa ou destrutividade. O que a atormenta talvez não seja o amor em si, mas o medo da repulsa — o medo de não se inserir mais na imagem que construiu para si mesma diante dos outros.

Não se castigue. O amor, ainda que confuso, é uma expressão da vida. O erro está em ferir, enganar ou viver às escondidas, não em sentir. Antes de tomar qualquer atitude, busque paz interior, converse com o seu marido e procure apoio emocional, até mesmo profissional, se necessário.

Deus não abandona quem sofre; ele acolhe, compreende e ensina. O que você precisa não é de castigo, mas de perdão: o seu próprio perdão. 

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