Análise do episódio envolvendo a materialização do espírito Katie King pela médium Florence Cook, sob a observação dos céticos e do físico e químico Sir William Crookes, com fortes implicações.
Da Redação✍
O químico e físico britânico William Crookes, do Royal College of Chemistry, em Londres, condecorado com o título de "Sir" pela rainha Vitória em 1897, ficou conhecido tanto pelas descobertas no campo da física e química, quanto pelas sessões experimentais da mediunidade realizadas por ele. Após descobrir um elemento com uma
linha de emissão verde brilhante em seu espectro, ao qual deu o nome de tálio.
Crookes então resolveu
aplicar métodos científicos em exaustivas pesquisas sobre fenômenos paranormais. Foram realizadas medições físicas e
tiraram-se fotografias, o que gerou amplas discussões entre validadores e
céticos. Como efeito, o apoio à credibilidade do fenômeno gerou divergência de
pontos de vista, tanto positivos quanto negativos.
Inicialmente em Londres,
entre 1871 e 1874, uma notável médium britânica, Florence Cook, materializa
um espírito de uma jovem mulher, de nome Katie King, dentro de uma sala com
cortina no laboratório do cientista. Em maio de 1874, as imagens foram
capturadas com iluminação de magnésio e equipamentos diversos. Logo em seguida,
com testemunhas por perto, o primeiro impacto repercutiu em público, críticas
e dúvidas surgiram no mês seguinte.
Embora Crookes afirmasse
haver diferenças evidentes entre elas, como cor de cabelo, altura, pulsação
diplomada e marcas faciais, muitos observadores desconfiaram que as semelhanças
entre Katie e Florence oscilavam entre o muito forte e o extremo, o qual gerou
suspeitas de fraude.
Várias pequenas marcas no rosto da Srta. Cook estão ausentes no de Katie. (…) Tenho a mais absoluta certeza de que a Srta. Cook e Katie são dois indivíduos distintos. — Trecho extraído do livro Researches in the Phenomena of Spiritualism de autoria do próprio Crookes que sustentava não haver coincidência entre as duas figuras, pois havia fotografias simultâneas e medições.
Testemunhas, como Edward Cox, afirmaram ter visto no recinto, iluminado, a médium separada do espírito que caminhava e agia de modo independente. Alguns céticos, entretanto, apontaram que o espírito se parecia muito com a jovem médium, o que, segundo eles, poderia ser interpretado como uma encenação. Mencionaram também a miopia de Crookes como um fator que pode tê-lo impedido de fazer análises precisas.
Em sua obra Psychic Self-Defense for Women: A Guide to Protecting Your Energy, a escritora Sherrie Lynne Lyons disse que Katie era muitas vezes a própria Cook ou uma cúmplice, e Crookes acabou enganado. Cox, por sua vez, refutou a escritora e garantiu que não houve fraude alguma ou problema de visão por parte de Crookes: "Ambas as figuras", disse ele, "se moviam, respiravam e até mesmo suavam, mostrando-se como duas personalidades distintas".
Onde e como tais sessões
com a jovem médium Cook ocorriam? Elas se realizavam no laboratório de Crookes
entre 1873 e 1874. Pesagens, medições de pulsação e comparação de marcas
físicas foram feitas, tendo sido produzidas cerca de 44 fotografias. Testemunhas
puderam observar todos os fenômenos sob luz controlada, e o relatório de todas
as experiências saiu em um jornal científico em janeiro de 1874.
Como o espírito Katie se surge completamente adensada pela médium Cook para que todos pudessem vê-la como se fosse deste mundo? Katie emergia vestida de branco, enquanto sua médium ficava envolta na cortina ou amarrada à cadeira. Essa separação visual dava a Crookes o argumento de que ambas eram independentes. Houve até a coleta de uma mecha do cabelo loiro do espírito materializado, apresentada como evidência de diferença física em relação ao cabelo castanho-escuro de Cook.
Crookes relatou com insistência observar Katie King e Florence Cook simultaneamente e tocá-las com as próprias mãos. Os depoimentos dos participantes das sessões reforçaram a ideia de que havia diferenças palpáveis entre a médium e a entidade materializada. Crookes relatou com insistência ter observado Katie King e Florence Cook simultaneamente e ter ambas tocado com as próprias mãos. Os depoimentos dos participantes das sessões reforçaram a ideia de que havia diferenças palpáveis entre a médium e a entidade materializada. Durante anos, a postura do cientista diante deles se pautou na confiança irrestrita.
Ao confrontar relatos, fotos, medidas e depoimentos favoráveis, de um lado, e críticas quanto a possíveis fraudes, de outro, fica evidente a ambiguidade da fotografia de Katie King, a qual pode ser vista tanto como um ícone espiritual quanto como um objeto de dúvida científica. Sugere-se, portanto, que o fenômeno seja reavaliado com rigor histórico e científico, resgatando as fontes originais e os testemunhos da época para uma melhor compreensão. (DS)
FONTES: Atisma (Spirit Art Gallery) | Spark Museum of Electrical Invention | Wikipedia (página em inglês sobre Florence Cook)