Em meio a um colapso ambiental global iminente, a Conferência de Belém significa muito mais que uma reunião diplomática, pois representa o último suspiro de esperança para um planeta em estado crítico e perigoso
Da Redação ✍
![]() |
A humanidade encara sua encruzilhada definitiva. Entre discursos prolixos e a cruel materialidade dos fenômenos extremos, a COP30 surge não como mera reunião agenda da ONU, mas como tribunal do nosso futuro coletivo. Esse encontro na Amazônia transcende o protocolo diplomático e representa o último grande passo para reconstruirmos nossa convivência com o planeta. Está em curso um julgamento sobre a propriamente dita governança global, pois o tempo das promessas vagas chegou ao fim. Nossa época testemunhará o clímax desta crise ou um ponto de virada histórica.
A queima persistente de combustíveis fósseis e o desmatamento desenfreado geram concentrações sem precedentes de gases de efeito estufa na atmosfera. Por isso, há um acúmulo de calor no planeta. Essa elevação térmica desencadeia eventos climáticos catastróficos, como secas prolongadas que arrasam colheitas e chuvas torrenciais que inundam cidades inteiras. O vigente sistema econômico, baseado na busca desenfreada por lucro, resulta, portanto, em um custo existencial para a biosfera. Um cenário irreversível será imposto pela inércia dos líderes.
Hoje, as negociações climáticas avançam de forma muito lenta. Enquanto isso, a Amazônia vive um momento crucial. Ao mesmo tempo, em todo o globo, países insulares lutam contra a subida dos oceanos. Outrora, durante o Acordo de Paris, estabelecemos metas ambiciosas para 2030. Urge, em Belém, acelerar os compromissos. Onde antes havia floresta densa, hoje há pasto e fumaça. Por isso, uma ação imediata se faz necessária em todos os territórios.
Distinta das COPs anteriores, realizadas em centros urbanos longe dos epicentros do problema, a edição de 2025 é sediada no coração da maior floresta tropical do mundo. Enquanto alguns países relutam em abandonar velhos modelos, o Brasil sinaliza possuir a chave para uma nova economia verde. Em vez de apenas discutir ideias, temos a oportunidade de propor soluções concretas baseadas na natureza. Ao contrário de promessas vãs, esta cúpula pode estabelecer acordos vinculantes.A ciência não negocia, nem a natureza aceita acordos políticos. Ela simplesmente reage às leis da física e da química que nós mesmos violamos. Ignorar este limite é assinar a sentença de morte de nossa própria civilização. — Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima.
Esta transição acelerada é uma fantasia custosa. Nações em desenvolvimento precisam de energia barata e confiável, não de dogmas verdes que condenam sua população à pobreza. Impedir nosso progresso com metas irrealistas é uma nova forma de colonialismo climático. — Sheik Ahmed Al-Jaber, ministro de Petróleo de um país do Golfo Pérsico e ex-presidente de uma COP.
Tal argumento, entretanto, constitui um anacronismo perigoso. Em diversas regiões do mundo, a fonte de energia renovável já é a mais acessível e a perspectiva para a economia do futuro é a de um modelo sustentável. Manter essas regiões à mercê de crises hídricas e alimentares causadas pelo caos climático, das quais se tornam as primeiras vítimas, significaria condená-las à pobreza.
Os objetivos da COP30 devem ser claros e mensuráveis, ou seja, é preciso defini-los com objetividade e quantificá-los:
• Reduzir gradualmente os subsídios aos
combustíveis fósseis;
• estabelecer um fundo global permanente
para financiar o desmatamento zero;
• apoiar a implementação de um mecanismo
de ajuste de carbono nas fronteiras;
• definir um mecanismo de perdas e danos
robusto e operacional.
Estas ações, em conjunto, formariam um pacote transformador.
Várias iniciativas demonstram a viabilidade de um novo caminho. Um exemplo é a matriz de energia solar no Nordeste brasileiro. Outro exemplo é o programa de pagamento por serviços ambientais a comunidades indígenas. Com dezenas de projetos aprovados, o Fundo Amazônia, por exemplo, mostra que isso pode acontecer. Esses modelos oferecem um vislumbre de um futuro desejável e mostram a possibilidade de coexistência entre desenvolvimento e preservação.
Acredito no potencial do Brasil de liderar essa transformação. Nossa missão é provar ao mundo que é possível gerar riqueza sem destruir a natureza. A COP30 será nossa oportunidade de apresentar um novo modelo de desenvolvimento para o planeta. — Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República Federativa do Brasil.
Chefes de Estado foram convidados a ir além da retórica em Belém. Precisamos de um pacto global, com metas e sanções para os descumpridores. Que cada país apresente um plano de descarbonização e o submeta a uma auditoria a cada ano. Essa não pode se tornar apenas mais uma COP, mas a última oportunidade para uma resposta corajosa de nossa parte. (DS)
Fonte: COP30 BRASILAMAZÔNIA, Belém 2025 | Portal Gov.br | As Nações Unidas no Brasil (ONU)
📅 Aguarde, divulgue a próxima postagem desta terça-feira (11/11), às 16 horas, fuso horário de Brasília GMT-3 ⏰
Que Tal? Gostou? Comente, divulgue Notícias & Novidades!!!
© 2023-2025 Notícias & Novidades — Todos os direitos reservados



Tema que precisa ser discutido continuamente nas escolas (desde os primeiros anos), entre as famílias, nas empresas, nos bares, em todos os lugares.
ResponderExcluirMuito obrigado por suas palavras tão lúcidas e pertinentes. 🌿
ResponderExcluirDe fato, o diálogo sobre temas ambientais precisa começar cedo e se estender a todos os espaços da convivência humana. É assim, com reflexão e partilha, que se acende o farol da consciência coletiva — mesmo em meio à névoa dos desafios climáticos.