As sondas Voyager, lançadas em 1977, desafiam os limites e o tempo, e o sinal "WOW!" intriga a ciência. O que esses mensageiros cósmicos revelam sobre o nosso lugar no Universo?
Da Redação✍
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Imagem: Gentileza da Nasa |
O que faria a humanidade se recebesse uma mensagem inequívoca do espaço? Enquanto essa pergunta ecoa, as sondas Voyager 1 e 2, lançadas há 47 anos, já são nossa resposta silenciosa: discos de ouro com saudações terrestres vagam pelo cosmos. Por que essas naves, hoje no espaço interestelar, se destacam tanto? E como o enigmático sinal "WOW!", captado no mesmo ano de seu lançamento, se relaciona com essa busca por conectividade cósmica?
Por causa do investimento da Nasa em missões de longo prazo,
as Voyagers tornaram-se pioneiras na pesquisa planetária. Devido ao
sucesso nos sobrevoos de Júpiter e Saturno, a Voyager 1 pôde seguir rumo ao
espaço interestelar. Como resultado, descobrimos atividade vulcânica em Io e
detalhes dos anéis de Saturno.Assim, ao fazer visitas a Urano e
Netuno, a Voyager 2 expandiu o conhecimento. Por
isso, hoje colhemos dados sobre o vento solar além do Sistema Solar. Assim,
essas missões redefiniram os limites da astronáutica.
Antes de 1977, nenhum objeto humano havia alcançado os
gigantes gasosos. Durante as décadas de 1980 e 1990, as Voyagers
mapearam planetas enquanto a Terra aguardava imagens inéditas. Atualmente,
ambas operam a mais de 24 bilhões de km de distância, onde o Sol já nem domina
mais. Enquanto a Voyager 1 adentrou o espaço interestelar em 2012,
sua irmã o fez após seis anos. Agora, seus sinais levam 22 horas
para nos alcançar. Em breve, por volta de 2030, suas vozes se calarão, mas a jornada continuará por eras cósmicas.
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Ao contrário das missões modernas, as Voyagers dependem de tecnologia dos anos 1970, pois as sondas atuais usam computadores avançados. Tanto a Voyager 1 quanto a 2 carregam discos de ouro, mas apenas a segunda visitou Urano e Netuno. Assim como o sinal "WOW!" permanece sem explicação, os dados das Voyagers ainda surpreendem. Embora outras naves tenham ido a planetas, nenhuma igualou seu alcance interestelar.
As Voyagers são como garrafas lançadas ao oceano cósmico. Se alguma civilização as encontrar, saberá que, em um pequeno ponto azul, houve uma espécie curiosa o suficiente para alcançar as estrelas. — Carl Sagan, astrônomo e divulgador científico.
Primeiro, as Voyagers revelaram a dinâmica atmosférica de
Júpiter. Segundo, descobriram os geysers de Tritão, lua de
Netuno. Terceiro, confirmaram a existência de oceanos subterrâneos em
Europa. Quarto, mediram a heliopausa. Quinto, tornaram-se os objetos
mais distantes já construídos. Sexto, seus discos de ouro preservam
culturas humanas. Sétimo, desafiam nossa noção de tempo cósmico.
Por exemplo, a Voyager 1 detectou um "zumbido"
chamado plasma contínuo que se estende além do Sistema Solar. Outro
exemplo é a foto "Pálido Ponto Azul", que mostra a Terra como um grão
de poeira. O sinal "WOW!", ainda não replicado, sugere que fenômenos
desconhecidos podem ser comuns. Tal como as Voyagers, ele simboliza
nossa busca por respostas. Assim, ambos os casos unem ciência e mistério.
Em 40 mil anos, a Voyager 1 chegará a Gliese 445. Se alienígenas a encontrarem, ouvirão saudações em 55 línguas, Bach… e risos de crianças. Enquanto isso, sua civilização de origem segue ocupada: guerras por poder, desastre ambiental e debates sobre se a IA nos substituirá — como se já não estivéssemos nos autosabotando com maestria. O WOW! fica em silêncio. Mas as Voyagers cantam nossa história. Elas são gênios capazes de alcançar as estrelas. Mas não conseguem impedir a própria ruína. Talvez, os aliens respondam um dia: "Adoramos o disco. É uma pena que vocês não tenham durado para ouvir." Ironia cósmica: exploramos o universo, mas ainda não aprendemos a viver no próprio planeta.
FONTES: NASA/JPL | Artigo Científico sobre o Sinal "WOW!" | Documentário "The Farthest: Voyager in Space" (PBS, 2017)