Correio sentimental

O silêncio diante do assédio nunca foi proteção, apenas fortalece o abusador. Buscar ajuda, denunciar ou se apoiar em pessoas de confiança é o primeiro passo para recuperar a dignidade e se libertar.

Da Redação





Bem-vindo ao Correio Sentimental, um refúgio de palavras para corações sobrecarregados de tristeza, saudade e desilusão. Aqui, cada carta é um suspiro, cada desabafo é ouvido com carinho e cada leitor é bem-vindo, sem julgamentos.

Todos os textos que chegam passam por revisão cuidadosa, sem perder a essência do sentimento que os move. Para nos ajudar a compreender melhor cada história, pedimos apenas idade, sexo, cidade e país.

No Correio Sentimental, nenhuma lágrima se perde em vão. Cada história é um fio que nos conecta, e cada palavra é um abraço silencioso que chega exatamente onde deveria.

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Carta ao Correio Sentimental

De: “Uma Noiva Aflita” (23 anos, Recife – Brasil)

Prezado redator,

Escrevo-lhe tomada por uma grande angústia, sem saber a quem recorrer. Há pouco tempo fui admitida numa repartição de certa empresa aqui em Recife. Tenho 23 anos, sou jovem, solteira, mas noiva há algum tempo de um pastor evangélico, homem de caráter firme, muito zeloso e, confesso, bastante ciumento.

Desde meus primeiros dias de trabalho, meu chefe — homem casado, de boa posição financeira, bastante conhecido por sua fama de conquistador — tem me dirigido cantadas que me deixam profundamente constrangida. Ele se porta como um “Don Juan moderno”, convencido de que todas as mulheres o desejam. Já descobri que muitas colegas se envolveram com ele, seja em motéis ou até mesmo na sua própria kitnet. Talvez por isso, algumas me tratem com frieza ou até mesmo hostilidade, pois percebem que o chefe voltou todas as atenções para mim.

Confesso: não tenho paz. Sou uma moça tímida, recatada e criada na fé evangélica. Jamais pensei em me envolver com alguém fora do meu noivado, muito menos com um homem casado. Contudo, sinto-me como uma presa frágil diante de um lobo faminto. Ele me cerca com insistência, tenta me convencer de que é apenas “brincadeira inocente”, mas eu sei onde tudo pode levar.

Pergunto-lhe, querido redator: o que devo fazer?

Denuncio esse assédio à presidência da empresa, mesmo sabendo que posso perder o emprego e sofrer retaliações?
Devo contar a verdade ao meu noivo, mesmo correndo o risco de que ele, tomado pelo ciúme e pela ira, parta para uma vingança que poderia trazer consequências irreparáveis?
Ou devo me calar, suportar esse peso sozinha, na esperança de que ele desista quando perceber que não cederei?

Estou perdida entre o medo, a vergonha e a obrigação moral de agir. Meu coração clama por justiça, mas meu corpo treme diante da ideia de me expor. Por isso, busco neste espaço um conselho sensato, talvez uma luz que me guie em meio a essa escuridão.

Com respeito e esperança,
Uma Noiva Aflita
23 anos – Recife, Brasil

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Prezada “Noiva Aflita”,

Antes de tudo, quero lhe dizer que sua angústia é legítima e compreensível. Você não está errada e não deve se sentir constrangida, pois a responsabilidade pelo ocorrido é inteiramente desse sujeito machista e casado, que usa sua posição de poder para tentar conquistá-la à força da insistência e do assédio.

A primeira recomendação, portanto, consiste em não se calar. O silêncio, nesse caso, só incentiva a ousadia do assediador. Entretanto, é preciso agir com prudência. Avalie se há, na empresa, um setor de recursos humanos ou uma ouvidoria confiável para fazer a denúncia. Registre todas as investidas — datas, mensagens, palavras —, pois isso serve de prova caso precise se defender.

Quanto ao seu noivo, é compreensível temer sua reação. Homens muito ciumentos, como você descreveu, podem transformar a indignação em atitudes impensadas. Por isso, talvez seja melhor guardá-lo para depois, quando você já tiver tomado providências mais seguras no âmbito profissional. Seu noivo merece conhecer a verdade, mas ela deve alcançá-lo de modo que não provoque uma tragédia maior.

Não se sinta sozinha. Se não houver apoio dentro da empresa, busque aconselhamento com alguém de confiança fora dela, como uma amiga de fé, um líder espiritual equilibrado ou uma instituição de apoio a mulheres vítimas de assédio.

E, por gentileza, não se culpe pela inveja das colegas. Elas sentem inveja apenas porque você é bonita e chama a atenção do Don Juan. O problema não vem de você, mas do comportamento abusivo do seu chefe. Mulheres cuja hostilidade aparenta ser imediata podem, no fundo, ter enfrentado circunstâncias semelhantes às suas e não saber como reagir.

Força, minha amiga. Sua dignidade é seu maior tesouro, e nenhum lobo travestido de sedutor deve roubá-la de você. Proteja-se, denuncie com cautela e siga firme no caminho ensinado por sua fé.

Com carinho e compreensão,
O redator do Correio Sentimental

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