Sons do passado, a recriação das vozes dinossaurianas

Estudos paleontológicos recentes, baseados em fósseis e anatomia comparada, revelam que os sons emitidos por esses animais eram muito distintos dos rugidos retratados no cinema

Da Redação

Imagem: ChatGP

Como soariam os dinossauros se pudéssemos ouvi-los hoje? A recriação de suas vocalizações constitui um campo complexo da paleontologia, distanciando-se das imagens clássicas do cinema. Os estudos atuais concentram-se na análise de estruturas fossilizadas e na análise comparativa com espécies modernas, a fim de sugerir paisagens sonoras totalmente novas para a Era Mesozóica. Essa busca pela autenticidade acústica envolve equipamentos de avançada qualidade e uma cuidadosa análise anatômica.

Visto que os tecidos moles raramente fossilizam, os cientistas dependem de evidências indiretas para inferir capacidades vocais. Consequentemente, a investigação concentra-se em ossos do ouvido, estruturas cranianas ocas e impressões de tecidos relacionados com a siringe. Dessa forma, é possível modelar possíveis extensões vocais e tipos de som, e gerar hipóteses mais fundamentadas sobre a capacidade de comunicação dos animais pré-históricos.

Antes do desenvolvimento de técnicas modernas, assumia-se que todos os dinossauros produziriam rugidos profundos. Atualmente, os pesquisadores analisam ressonâncias em cristas cranianas fossilizadas, como as dos hadrosaurus. Em qualquer lugar onde existissem grandes predadores, a comunicação de baixa frequência teria vantagens adaptativas. Ao longo das eras, diferentes linhagens desenvolveram.

Em contraste com as representações populares de rugidos aterradores, muitas espécies provavelmente produziam sons mais próximos de aves modernas. Por outro lado, os grandes terópodes podem ter usado vocais de frequência muitíssimo baixa, inaudíveis para os humanos. Ao contrário dos mamíferos, a presença de uma siringe semelhante à das aves sugere capacidades vocais mais complexas e diversificadas do que se pensava antes.

A maior parte da vocalização dos dinossauros provavelmente não era produzida na laringe, como nos mamíferos, mas sim em uma estrutura chamada siringe, localizada na base da traquéia, tal como nas aves modernas. Esta diferença anatômica fundamental altera completamente o nosso entendimento sobre seu potencial acústico. — Julia Clarke, paleontóloga especialista em comunicação animal do Mesozoico.

A ausência de um órgão vocal fossilizado torna qualquer reconstrução necessariamente especulativa. Estamos a projetar características de animais modernos em criaturas extintas com base em evidências indiretas. — Thomas Carr, paleontólogo especializado em terópodes.

Na reconstrução do som, utilizam-se várias abordagem. A análise dos ossos do ouvido interno indica as faixas auditivas prováveis. Por outro lado, a modelagem computacional de estruturas ocas revela frequências de ressonância. Além disso, o estudo das traqueias fossilizadas proporciona pistas sobre a capacidade de produção de som. Comparações com crocodilos e aves fornecem um quadro de referência biológico.

Para ilustrar, o Parasaurolophus, dinossauro herbívoro da família dos hadrossauros, possuía uma crista nasal oca com quase dois metros. Pesquisadores da Universidade de Utah criaram modelos digitais dessa estrutura, cujo funcionamento como câmara de ressonância foi comprovado. Ao passar ar por esses modelos, foram produzidos sons profundos e melodiosos, semelhantes aos de um trombone, bem diferentes de qualquer rugido de réptil ou mamífero.

Se um T-Rex vocalizasse hoje, poderíamos não o ouvir. As evidências sugerem que ele usava infrasons, como os elefantes, para criar vibrações sentidas, mas não ouvidas. Essa descoberta transforma nossa forma de perceber o mundo dos dinossauros — não uma cacofonia de rugidos, mas uma sinfonia silenciosa de sons de baixa frequência com ecos abaixo do nosso alcance auditivo (DS)

FONTES: Britannica | CNN Brasil | CBC NEWS    

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