O visitante cósmico 3I/ATLAS fascina especialistas com sua trajetória hiperbólica, atividade cometária e comportamento incomum, com explicações naturais e especulações sobre possível origem artificial
Da Redação✍
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Imagem do Telescópio Espacial Hubble de 3I/ATLAS,
mostrando a cabeleira e uma cauda crescente. Imagem: NASA/ESA/David Jewitt
(UCLA)/ Processamento de imagem: Joseph DePasquale (STScI) |
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A órbita do 3I/ATLAS. imagem: NASA/JPL-Caltech |
O astrofísico Loeb e seus colaboradores propuseram uma hipótese ousada: 3I/ATLAS poderia representar um artefato tecnológico extraterrestre. Por sua trajetória e alinhamento incomuns com o plano orbital da Terra, o visitante, supostamente vindo de outra galáxia, tem uma chance estimada de acaso inferior a 0,2%, haja vista suas passagens "precisas" por Vênus, Marte e Júpiter (com probabilidade de acaso estimada em 0,005%), indícios possíveis de "direção inteligente". Segundo os cientistas da equipe do professor — que também é ufólogo e escritor, trata-se de uma especulação com fins "pedagógicos", que merece uma análise mais profunda.
Entretanto, especialistas enfatizam que o 3I/ATLAS exibe um comportamento típico de cometas interestelares, e sua origem natural é fortemente sugerida pela evidência de vapor d'água e de materiais gelados em liberação devido à proximidade com o Sol. Eles consideram as especulações sobre tecnologia como distração que não contribui à pesquisa científica fundamentada.
Podemos destacar sete características relevantes de 3I/ATLAS:
- Terceiro objeto interestelar confirmado, após ‘Oumuamua e 2I/Borisov;
- Trajetória hiperbólica com excentricidade recorde superior a 6;
- Atividade cometária clara com emissão de água, vapor e grãos de gelo;
- Diâmetro estimado entre 0,32 e 5,6 km;
- Sua origem é desconhecida, mas acredita-se tratar-se de uma região de baixa metalicidade com até 7 bilhões de anos;
- Passagem segura, sem ameaça à Terra;
- Debate entre a hipótese de uma sonda alienígena e a possibilidade de vida natural.
Por exemplo, observações feitas com o telescópio Swift identificaram a emissão de OH e vapor d'água quando o objeto ainda estava a cerca de 3,5 UA do Sol, algo incomum para cometas nessa distância, o sinal de forte atividade. Além disso, os dados fotométricos revelam uma atividade de poeira em aumento periódico e uma rotatividade estimada em 16,16 horas, aspectos compatíveis com cometas.
No fim, o objeto, cuja origem ainda é desconhecida, continua sendo um mistério fascinante: pode vir de sistemas antigos ou até mesmo sugerir a presença de "inteligência extraterrestre". Não importa o desfecho, sua passagem nos desafia a olhar para o cosmos com curiosidade, rigor e abertura ao inesperado. Quem sabe, quando menos esperamos, estaremos prontos para dar as boas-vindas ao desconhecido. (DS)
FONTES: Space | Scientific American | The Planetary Society